terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Mergulho Adaptado


BEM VINDO A BORDO!


O mergulho autônomo recreativo adaptado é uma opção de lazer e aventura, também, para a pessoa com deficiência pelos oceanos do planeta terra.
A Handicapped Scuba Association International (HSA), nos Estados Unidos, é uma organização não-governamental que atua na área do mergulho autônomo recreativo para pessoas com e sem deficiência. Foi a primeira certificadora de mergulho autônomo adaptado no mundo. O fundador e presidente da Handicapped Scuba Association é James Arthur Francis Gatacre, nascido em Toronto, Ontário, no Canadá. Gatacre formou-se em biologia pela Universidade da Califórnia, em Irvine. Ele começou a mergulhar em 1973 e dedica a sua vida profissional, como instrutor de mergulho, à formação de mergulhadores com deficiência, bem como, à capacitação de profissionais em mergulho adaptado ao redor do mundo.
A Handicapped Scuba Association Brasil - HSA BRASIL - Centro de Treinamento (também denominada Sociedade Brasileira de Mergulho Adaptado - SBMA, até 2007) e, a partir de 2008, apenas HSA BRASIL (nome internacional) é uma representação do trabalho da HSA INTERNACIONAL no Brasil.
Nossas metas principais são: formar e certificar mergulhadores com deficiência, organizar o turismo submarino e atividades de batismo (Discover Scuba) em piscina, ministrar palestras sobre mergulho adaptado a fim de difundir a atividade e desmistificar crenças sobre deficiência e pessoas com deficiência em nossa sociedade. Também, temos o compromisso de capacitar instrutores de mergulho autônomo recreativo convencional, para que os mesmos integrem nossa tripulação e possam, com conhecimento e responsabilidade, formar novos mergulhadores com deficiência em nosso país.
Compreendemos que deficiência, no concreto da vida, é uma limitação em alguma parte do nosso corpo. E que provoca, pelos mais variados motivos, internos ou externos (por exemplo: culturais, arquitetônicos e nas situações mais diversas) alguma limitação no cotidiano da vida da pessoa que a possui em suas relações interpessoais, consigo mesma e na sua inclusão social.
Então, uma pessoa poderá ter uma limitação visual, auditiva, física, entre outras, como por exemplo, uma paralisia que a impeça de utilizar as suas pernas para o seu deslocamento, ou uma limitação para enxergar, através da visão, o céu ou os cardumes de peixes no fundo do mar. Mas essa limitação pode não ser um impedimento para o seu desenvolvimento pessoal e participação na sociedade. Nem sempre pode significar um fator impeditivo para participar e contribuir na construção da sociedade inclusiva. Compreendemos que impedimento também pode ser uma questão de atitude perante si mesmo e a vida.
Percebemos a deficiência como uma limitação; como uma característica a mais de uma pessoa, entretanto, uma característica inerente e inseparável da condição de ser uma pessoa com deficiência. O essencial é não negar ou ocultar a existência da deficiência, mas sim, conhecê-la, aceitá-la e respeitar a individualidade da pessoa que a traz em si. Ignorar ou negar a deficiência de alguém e suas necessidades, como se deficiência fosse apenas uma questão de diferença na cor dos olhos, do cabelo, na altura, no peso, entre outras diferenças entre as pessoas, pode significar promover a pseudo inclusão social ou até mesmo, a sua exclusão social.
Para todas as dificuldades, existem soluções, e para todas as limitações, adaptações. Os impedimentos poderão não existir quando as pessoas estão dispostas a descobrir, juntas, a melhor forma de alcançar o que desejam.

Lucia Sodré (Diretora de Cursos da HSA - Representante exclusiva no Brasil)
Contato: hsabrasil@gmail.com

Império da Banha



Responsabilidade Social: uma marca do Império da Banha.

Rede de supermercados possui funcionários com diversos tipos de deficiência.

Aos 42 anos de existência, a rede de supermercados Império da Banha é um exemplo de responsabilidade social. No quadro de funcionários da empresa figuram (ou já figuraram) portadores das mais diversas deficiências, como visual, paralisia e surdez.
Ao contrário do que acontece na maioria das empresas, a colocação dessas pessoas no mercado de trabalho não advém da Lei de Cotas (medida governamental que determina uma cota mínima de empregados com deficiência em estabelecimentos de grande porte), mas sim da própria consciência social do Império da Banha.
Segundo Fábio Amarante, diretor de recursos humanos da rede, o Império da Banha procura alocar os funcionários com deficiência assim que a demanda chega ao estabelecimento. "Quando o deficiente nos procura, nós procuramos indicá-Io ao posto em que ele melhor se adapte. A gente tenta aproveitá-Io nas vagas disponiveis", comentou o diretor.
Atualmente, o supermercado conta com seis funcionários portadores de deficiência. De acordo com Fábio, esse número só não é maior porque a quantidade de pessoas que chegam até eles não é muito expressiva.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Business to business


A Fundação Desembargador Paulo Feitosa (FPF) é uma instituição de Pesquisa e desenvolvimento que tem a sua sede em Manaus. Amazonas. Desde sua inauguração em 1998, a FPF tem se dedicado à inovação tecnológica com projetos ousados e inovadores.
A empresa é certificada pela ISO 9001:2000 pela BSI (BritishStandard lnstitute) e conta com uma equipe de Profissionais qualificados e capacitados a utilizar as práticas de qualidade desta norma, gerenciar projetos baseados no PMBOK (Project Management Body of Knowledge), realisar pesquisa e desenvolver processos e treinamentos voltados às necessidades de cada cliente.

A FPF desenvolve esses sitemas embarcados visando à integração de pessoas portadoras de necessidades especiais com o computador. Já foram desenvolvidos os seguintes sistemas:


Mouse Ocular

Uma solução de hardware e software que possibilita que o deficientes físicos que não tenham movimentos dos membros superiores possam utilizar o computador.

Através da movimentação e piscados os olhos é realizado o controle da movimentação e clique do cursor do mouse.


Rocc

(Rastreador de objetos para controle de cursor) - é uma solção que utiliza as imagens capturadas pela webcam do computador par controlar os movimentos e cliques do cursor do mouse. Possibilita que deficientes físicos utilizem plenamente o computador através de pequenos movimentos da cabeça.


Olhar Virtual

No Recife, um dos principais pólos da efervescência tecnológica no país, a cidade pernambucana é dotada de centros e incubadoras de negócios que criam produtos e serviços com tecnologia de ponta. Quem move esses projetos são estudantes.

Madson Menezes, Carlos Rodrigues e Ivan Cardim, três estudantes com idade entre 23 e 25 anos, do curso de ciência da computação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), rascunharam Virtual Eye, ou simplesmente vEye, um sistema que ajuda defcientes visuais a andar com mais segurança pelas ruas. O vEye é composto por um par de pulseiras interligadas por conxão sem fio a um celular munido de um programa de computador especial e GPS, sistema de localização por satélite. O usuário traça a rota no aparelho e, no caminho, é orientado a virar à esquerda ou à direita por vibrações emitidas pelas pulseiras.
Viviane Maia
Revista Negócios
No 17 - Julho/2008
Ano 2

ACESSIBILIDADE: NICHO PROMISSOR


Apesar de 14,5% da população brasileira ter algum tipo de deficiência - um contingente de pelo menos 24,5 milhões de pessoas, segundo apurou o IBGE em 2000 -, as empresas do País não estão preparadas para atender esse nicho de consumidores, que tem um potencial de consumo estimado em R$ 5 bilhões anuais. Foi o que concluiu a Shopper Experience, dedica: da à pesquisa de avaliação de atendimento ao cliente.

Segundo Stella Kochen Susskind, presidente da Shopper Experience, "os erros começam nas barreiras físicas. Portas estreitas, correntes protegendo as vagas destinadas a cadeirantes, acessos não sinalizados para deficientes visuais e equipamentos de auto atendimento em alturas inviáveis para cadeirantes." A pesquisa ainda revela que, no geral, profissionais do varejo, serviços financeiros e órgãos públicos não recebem treinamento adequado para lidar corretamente com o atendimento a esse consumidor, que, segundo Stella, é fundamental para que as empresas disputem, de fato, o potencial de consumo dos portadores de necessidades especiais.



Fonte:



Revista Meu Próprio Negócio

domingo, 24 de janeiro de 2010

Curso de Mergulho Adaptado

Curso: Capacitação Profissional em Mergulho Autônomo Recreativo Adaptado para Pessoas com Deficiência - ITC (Handicapped Scuba Association - HSA).
Período: 8 a 13 de fevereiro de 2010.
Local: Fortaleza de São João-Círculo Militar - Rio de Janeiro/RJ.

Organização: Major Luiz Claudio.
Professora-Instrutora: Lucia Sodré.

Contatos e Maiores Informações:
Major Luiz Claudio:Tel. Celular: 21-96427529 - 21-92418459. Tel. Convencional: 221-5862218.
Email: maraheclaudio@yahoo.com.br
Lucia Sodré:Email: luciasodre@gmail.com
Tel.: 21-93149303.

Obrigada!

Lucia Sodré.Mergulho Adaptado - Capacitação Profissional (Instrutor-Dive Master eAssistente de Instrutor de Mergulho Autônomo) - Lucia Sodré - HandicappedScuba Association - HSA

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Jogos Adaptados na Educação Física: experiências na escola pública da periferia do Rio de Janeiro.


O presente estudo teve por objetivo investigar os alunos do ensino médio e fundamental durante as aulas de educação física, cujo conteúdo aplicado foi os jogos adaptados, como uma alternativa pedagógica. O projeto foi desenvolvido no Colégio Estadual Prof Murilo Braga, situado na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro. Durante o segundo bimestre, do ano letivo de 2009. Aos esportes escolares, os mais comuns desenvolvidos na escola, foram adicionados os jogos adaptados para deficientes, como: futebol e corridas para cegos, lançamentos de disco, tênis de mesa para usuários de cadeiras de rodas e voleibol para paraplégicos. Além dos alunos experimentarem estes tipos de esportes, eles sentiram a dificuldade dos deficientes e se solidarizaram com outras pessoas que se encontraram nesta condição. Realizou-se uma pesquisa aplicada, descritiva e explicativa. As fontes de dados foram a partir da observação no campo e bibliográficas. Os dados coletados foram oriundos de uma pesquisa quantitativa e bibliográfica.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Empregar pessoa com deficiência compensa?

Há cerca de vinte anos atrás, o senhor Antunes trabalhava numa serração. Já tinha trabalhado em várias profissões e gostava daquilo que fazia. Foi então, que um trágico acidente com um serra eléctrica lhe levou o braço esquerdo.
O trauma psicológico foi enorme. Trata-se de uma pessoa que sempre usou as mãos naquilo que fazia - mãos habilidosas. Durante cerca de dois anos, perdeu o alento para a vida e não quis trabalhar. Um dia, pensou que tinha que reagir e mentalizou-se de que conseguiria fazer com um só braço aquilo que já muita gente não consegue fazer com os dois.
Conheci o Sr. Antunes tinha eu 10 anos. Estávamos com um problema no autoclismo de casa e já tinhamos sido enganados por um canalizador que deixou tudo na mesmo. Foi então que a minha mão resolveu pedir ao Sr. Antunes, que trabalhava na mesma escola que ela(ESEAF), que fosse lá a casa ver se conseguia. Explicou logo que ele não tinha um braço, e que era impressionante a maneira como trabalhava, servindo-se de todo o corpo para ajeitar, segurar coisas, etc. O problema foi resolvido com rapidez e eficiência. Dali em diante, qualquer coisa que se estragava, era a ele que recorriamos.
Hoje, o Sr. Antunes, é um exemplo de superação de barreiras físicas e psicológicas. Mudou de trabalho, para a Escola Superior de Enfermagem de Bissaya Barreto (ESEBB), de modo a ficar mais perto de uma casa que construiu - sózinho.
Na ESEBB, está no quadro como carpinteiro, mas os seus talentos vão muito além - pedreiro, marceneiro, electricista e arranja todo o tipo de coisas - é o perfeito handyman, imprescindível na instituição.
De facto, empregar deficientes compensa. Esta é uma realidade de hoje no mundo empresarial. Apesar de serem poucos os patrões que dão oportunidades laborais a cidadãos com deficiência ou incapacidade, aqueles que o fazem são unânimes. Empregar deficientes tem muitas mais vantagens do que dos subsídios aos quais as empresas têm direito.
Dadas as dificuldades do mercado de trabalho, acrescidas para o caso de pessoas deficientes, aqueles que têm uma oportunidade não querem desiludir o seu empregador: são os primeiros a disponibilizarem-se para trabalhar aos sábados ou gerir picos de trabalho
as empresas, além de melhorarem a produtividade, ganham o respeito dos clientes e a admiração dos funcionários o absentismo é quase inexistente orgulho e fidelidade à empresa
transmite boa imagem para o exterior (marketing social) um outro exemplo de marketing social é o facto da cadeia de restaurantes McDonald's, em todo o mundo, empregar negros, asiáticos, etc.

Libras é legal

O Projeto LIBRAS É LEGAL, iniciado em 2003, estabelece um marco na história dos Surdos no Brasil, ao produzir de forma inédita, um conjunto de materiais didáticos para a difusão da Língua Brasileira de Sinais: o KIT LIBRAS É LEGAL.
Ao longo de cinco anos conquistamos o Certificado de Tecnologia Social da UNESCO, o Marketing Best de Responsabilidade Social e o reconhecimento do Guia da Boa Cidadania Corporativa da Revista Exame.
O Projeto LIBRAS É LEGAL é uma iniciativa do Escritório Regional da FENEIS com sede em Porto Alegre – RS e foi selecionado entre 2.244 projetos para patrocínio pelo Programa PETROBRAS SOCIAL.
Apresenta ainda um outro grande diferencial. O Kit tem a participação direta dos Surdos, seja na definição dos seus conteúdos, na criação e produção do mini-dicionário, histórias, jogos, como em todas as ilustrações do Kit. Ele foi totalmente desenvolvido com surdos, para surdos e ouvintes!
O Projeto contribui de maneira decisiva para a inclusão sócio-econômica dos Surdos além de cumprir um decisivo papel no processo de ensino-aprendizagem da LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais.
NÚMEROS DE SUCESSO:
Voltado inicialmente para os três estado do Sul (RS, SC e PR), teve sua ação apliada agora nacionalmente. Veja alguns dos números conquistados:
10 mil Kits LIBRAS É LEGAL distribuidos para Escolas Públicas e ONGs;
5 mil participantes das Oficinas Abertas LIBRAS É LEGAL no Brasil;
375 municípios do Sul do Brasil com o Kit disponibilizado;
300 Instrutores Surdos qualificados nos Núcleos de Educação de Difusão de Libras (NEDILS);
90 mil beneficiários (surdos, professores, familiares, profissionais, empresários)
A escolha da expressão “Libras é Legal” para denominar este projeto tem duplo sentido: sugere tanto a possibilidade prazerosa de diversão e aprendizagem que terão os estudantes e os profissionais ao interagir com os materiais que ora apresentamos, como também a necessidade de informar sobre a legalidade da Libras em nosso país.
A LIBRAS, embora reconhecida oficialmente em território nacional, pela Lei Federal n. 10.436/2002, antes do Projeto LIBRAS É LEGAL ainda era desconhecida pela imensa maioria da população e continuava sendo encarada, equivocadamente, apenas como um conjunto de gestos naturais ou ‘mímica', utilizada pelos surdos na ausência da oralidade. Queremos por fim, agradecer em nome dos Surdos e na condição de diretores da FENEIS o Patrocínio da PETROBRAS para o Projeto LIBRAS É LEGAL.
Marcelo LemosCoordenador Surdo do Projeto
Diretor da FENEIS - Rio Grande do SulMaio - 2008

Sotaque dos sinais No3

Dicionário de libras vai incluir sinais regionaisPublicação com quase 12 mil verbetes terá dois mil sinais só para palavras e expressões que variam de estado para estado
Antes da publicação do Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira (Libras), em 2001, pela Edusp e apoiada pela Feneis, não havia registro oficial da linguagem gestual ensinada a surdos no Brasil. Os materiais existentes estavam espalhados pelo país em apostilas produzidas por associações de apoio ao deficiente auditivo. Uma realidade bem diferente da de outros países, como os Estados Unidos, onde há algum tempo já existem dicionários do gênero.
Seis anos depois, e com a menção honrosa na categoria Educação e Psicologia do Prêmio Jabuti conquistada em 2002, os autores do trabalho, os psicólogos Fernando Capovilla e Walkiria Duarte Raphael, preparam a segunda edição do dicionário. A previsão de lançamento é para o começo de 2008. Mais dois mil verbetes de sete estados serão incorporados ao catatau que já havia reunido 9,5 mil sinais, divididos em dois volumes. Será inserida a soletração do verbete, além da indicação dos lugares onde aquele sinal é usado.
No início da pesquisa, os autores se reuniram com um grupo de 14 surdos da Feneis-SP, que passaram cada sinal e seu significado. A meta nessa segunda etapa é "aumentar o vocabulário em português e o léxico em sinais", como explica Walkiria Raphael. Confira trecho de entrevista com a estudiosa:
Língua Portuguesa - Quais as dificuldades para montar o dicionário?
Walkiria Raphael - O surdo não se baseia nos verbetes escritos, mas no conceito, o contexto. É muito comum quando um ouvinte pede a um surdo soletrar uma palavra, como "essencial", e ele perguntar o que é. Depois de entender o contexto, aí, sim, ele faz o sinal referente. Outros surdos podem empregar um sinal diferente para "essencial", mas que contenha o mesmo sentido. Além do regionalismo nos estados, em São Paulo há grupos de jovens que criam seus próprios sinais, como no resto do país, aliás. Não dá para abarcar todos os sinais. Outra dificuldade é que não há uma correspondência tão direta entre o sinal e a palavra. Nós tivemos muito cuidado para fazer essa tradução.
Há sinais que já caíram em desuso?
Sim. Do primeiro ao segundo dicionário, já notamos isso. Mas a gente resolveu manter. É como no português: ainda encontramos termos que não existem mais, mas estão lá. O próprio sinal de Libras já mudou. Ainda assim, o outro sinal não deixou de ser usado. Como há pessoas que só conhecem as versões antigas das palavras, preferimos não eliminar esses termos.
As gírias surdasPor Sueli Fernandes
A aluna Paola Ingles Gomes sinaliza gíria que só existe na Libras: termo pode indicar mau humor, surpresa ou até constrangimento
As gírias são a parte mais interessante do discurso em Libras. É justamente nele que se manifesta o universo metafórico da língua, no qual os sinais são "manipulados" de forma a seduzir, enganar, disfarçar, determinar... Testemunhamos o riquíssimo universo da polissemia e polifonia da língua da forma mais rica e diversa, em um contínuo de relações e situações determinadas pelo contexto, pelas expectativas dos interlocutores.
Existem muitos exemplos corriqueiros, bastante conhecidos nas línguas faladas, em que se usam gírias para se referir a garotas ou rapazes bonitos: "gato", "gostosa", "de cair o queixo"; ou quando precisamos informar necessidades fisiológicas como: "ir ao banheiro", "fazer xixi", "apertado" etc. Sejam faladas ou sinalizadas, as gírias são semanticamente bastante semelhantes nesses casos.
O que mais fascina na Libras são os artifícios usados pelos surdos para escapar dos olhos dos demais membros do grupo, em momentos em que necessitam endereçar mensagens subliminares, ou secretas, a algum interlocutor. Pela visualidade que é inerente à sinalização, inúmeros sinais "discretos" são criados, reduzindo-se o espaço da sinalização ou o ponto de articulação de modo a não deixar pistas aos bisbilhoteiros.
Por exemplo, se em uma roda de adolescentes surgem temas tabus como sexo ou masturbação, é comum que eles modifiquem os sinais usados convencionalmente. Da mesma forma, se uma menina quer confidenciar a outra que vai menstruar e há meninos por perto, ela muda a forma de sinalizar, usando um sinal "disfarçado". Quando se quer falar de alguém que está presente, usam-se mecanismos conversacionais de indicação disfarçada ou relações espaciais em que se estabelece uma localização neutra no espaço para o "dito cujo", mesmo que ele esteja presente, passando-se a enunciar indicando aquele ponto no espaço, sem que ninguém saiba de quem, exatamente, se fala.
São fartos, também, os exemplos de gírias que têm como sentido "tô nem aí com você", "qual é a dele?", "você me sacaneou", "tá me enrolando", "fiquei com o rabo entre as pernas", e assim por diante, que nada têm a ver com os sinais convencionais. Alguns são até modificados para a adequação discursiva.
Outros sinais são "intraduzíveis" isoladamente, pois uma mesma forma pode indicar inúmeros sentidos a depender do contexto. Um exemplo é o sinal em que a configuração de mão com o dedo médio colocado no topo da cabeça, acompanhado de uma expressão facial característica (mau humor, surpresa), pode significar "tô na minha", "que mico", "tô boiando" e assim por diante.
Enfim, a riqueza da Libras repousa justamente nesses elementos que chamaríamos extralingüísticos nas línguas faladas, mas que constituem a estrutura gramatical, semântica e discursiva da língua de sinais: movimentos de sobrancelhas, jogo de olhares, menear de ombros e de cabeça, "balanço" ao sinalizar, leveza ou ênfase no movimento, duração do olhar ou do movimento no ar, maior ou menor amplitude do espaço de sinalização. Ou seja, um universo quase desconhecido para aqueles que ainda não experimentaram constituir sentidos com palavras-imagens.

Sueli Fernandes é lingüista, assessora técnico-pedagógica do Departamento de Educação Especial da Secretaria de Estado da Educação do Paraná e colaboradora do projeto Libras é Legal.

Sotaque dos sinais No2

Nova geração

O atual cenário educacional é responsável por uma revolução na cultura surda. No passado, o isolamento era grande. Os sinais eram passados de geração a geração e se restringiam à representação do cotidiano, nada muito específico. Hoje, a presença no ambiente escolar tem estimulado a criação de muitos novos sinais, já que há disciplinas e termos técnicos, além de permitir o contato do estudante com os sinais de outras regiões. A estrutura que, nesse processo, mais tem sido renovada são os substantivos.
- Sinais vêm sendo criados, simultaneamente, em diferentes regiões, para atender às necessidades de conceituação e comunicação, repercutindo na ampliação do léxico. A especificidade das disciplinas e seus objetos de estudo requer um vocabulário técnico sinalizado que, enquanto não padronizado, contribui para a fomentação dos regionalismos - analisa Sueli Fernandes.
Algumas instituições de ensino que têm salas mistas - com alunos surdos e ouvintes - já estruturaram equipe para apoiar o contato entre professor e estudante durante as aulas. Sidney Feltrin é tradutor e intérprete de Libras há 12 anos. Há dois, ele trabalha com mais seis profissionais na Universidade Cidade de São Paulo (Unicid), que tem sete alunos surdos.
- Todos os sinais criados em sala de aula são encaminhados à Feneis para que sejam disseminados e adotados nas demais universidades do país, criando assim um padrão - conta.

Sinais de guetos
Além da linguagem mais técnica e específica, a escola ou faculdade coloca o deficiente auditivo em contato com outros grupos que não a própria família e os colegas. Só esse fator é responsável pela criação de mais uma penca de novos sinais usada no bate-papo dos corredores. Na escola municipal Helen Keller, em São Paulo, os jovens do ensino fundamental e do médio têm suas próprias gírias, muitas vezes variando de sala para sala, de panelinha a panelinha.
É inegável que a língua portuguesa acaba por determinar a constituição de vários elementos semânticos, estruturais e discursivos da língua de sinais. Isso não deixa de acontecer também no universo das gírias. É o caso do xingamento "palhaço", usado pelos alunos da escola com o mesmo sentido da língua portuguesa. Na Helen Keller, os estudantes também criaram seus próprios sinais para Orkut e MSN (programa de conversa on-line).
Assim como no português, a língua de sinais também registra os idioletos, ou seja, as maneiras únicas no modo de falar ou sinalizar de um indivíduo. Diferenças de idade, escolaridade, maior ou menor contato com a comunidade surda, tudo isso aumenta a diversidade de sinais.
- Todos os usuários da Libras conseguem comunicar-se uns com os outros e entendem-se bem, apesar de não haver sequer dois que façam sinais da mesma maneira - explica a lingüista Lodenir Becker Karnopp, também professora do curso Letras-Libras na UFSC.
Nesse mar de sinais e variações, quem não é surdo pode pensar que o entendimento entre os deficientes auditivos de estados diferentes fica quase impossível. Basta lembrar a quantidade de palavras usadas na língua portuguesa e suas variações, tão criativas quanto as dos sinais.
- Há, sim, uma tentativa de padronização das associações de apoio ao surdo. Há muitos sinais que já são padronizados e usados em congressos, por exemplo. Mas é preciso respeitar a diversidade - comenta Walkiria Duarte.
A mesma diversidade, aliás, que torna a Libras e a língua portuguesa admiradas pelos seus usuários.
História da Libras
A primeira instituição brasileira criada para apoiar a alfabetização dos surdos foi o Instituto Nacional de Surdos-Mudos, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), criado por D. Pedro II, em 1857. Dezoito anos depois, em 1875, foi publicado o primeiro livro com os sinais usados por aqui, o Iconographia dos Signaes dos Surdos-Mudos, de Flausino da Gama. O autor utilizou os mesmos sinais franceses, colocando a tradução em português. Daí a influência da língua francesa de sinais na brasileira.
- Esse sinais do livro deveriam ser usados concomitantemente com outros já usados no Brasil naquele período [1875].
Provavelmente havia dois sinais e um "vingou". Pude observar em viagem aos Estados Unidos que há sinais do livro de Flausino que são usados pela ASL [American Sign Language], o que comprova o parentesco lingüístico entre as três línguas - analisa a lingüista Tanya Amara Felipe.
Quase um século depois, em 1969, estudiosos descobriram que no Brasil há outra língua de sinais usada pelos índios urubus-caapores, do Maranhão, que têm elevada taxa de surdez (1 surdo para cada 75 ouvintes).
Naquela década também foram publicadas, por iniciativa estrangeira, mais duas obras sobre os sinais brasileiros e que por muitos anos foram usadas no ensino de sinais: Linguagem das Mãos, de E. Dates; e Linguagem de Sinais do Brasil, de H. Hoeman. Ambas muitos influenciadas pela ASL.
Só na década de 80 é que estudos mais aprofundados em lingüística foram feitos. Nessa época, constituíram-se as principais instituições de apoio ao surdo. São Paulo e Rio de Janeiro influenciaram os sinais dos outros estados por terem sido os pioneiros no estudo do tema.
Foi em 2002 que o governo federal reconheceu a Libras como língua. Com a lei, a educação inclusiva dos surdos passou a ser obrigatória nas escolas públicas de todos os níveis. Dados do Censo 2000, reunidos pelo IBGE, indicam que dos 5,7 milhões de brasileiros com algum grau de deficiência auditiva, pouco menos de 170 mil se declararam surdos.

Sotaque dos sinais No1



Mesmo sem som, a Libras (Língua de Sinais Brasileira) também tem variações regionais, a ponto de ser possível identificar um surdo do nordeste ou do sul só com base no seu gestual
Rachel Bonino
Paola Ingles Gomes cursa a 8ª série em São Paulo numa tradicional escola municipal para deficientes auditivos no bairro da Aclimação, a Helen Keller. Como outros colegas adolescentes, costuma ir à festa junina promovida pelo Instituto Santa Teresinha, um evento que virou referência entre estudantes surdos de todo o país. Paola conversava com um amigo de outro estado numa dessas comemorações anuais quando, entre risos, sinalizou que ele era um "palhaço", um tolo. O sinal usado indicava uma bola no nariz, assim como usam os palhaços. O rapaz não entendeu a "gíria" e coube a Paola indicar o contexto da palavra, por meio de outros sinais. Casos assim se repetem a cada interação entre deficientes auditivos de regiões diferentes, mas que adotam a mesma gramática gestual adotada pela Libras, sigla para Língua de Sinais Brasileira. Nesse universo sem sons, há gírias, regionalismos e até mesmo o que podemos chamar de sotaques.
De fato, determinados termos possuem variações maiores ou menores quando "pronunciados" por gestos. Só a palavra "abacaxi", no sortido espectro de variantes em forma de gesto, tem ao menos cinco sinais diferentes em todo o país, com pequenas mudanças de movimentos entre os compartilhados por Bahia e Pará e os usados no Mato Grosso ou em Santa Catarina.
A Libras é reconhecida desde 2002 por lei federal. Tem como base cinco parâmetros: a direcionalidade (para onde as mãos e o rosto se dirigem), o ponto de articulação (de onde parte o movimento), a configuração de mão, o movimento propriamente dito e as expressões faciais e corporais. A variedade lingüística dos sinais ocorre, em alguns estados, quando se modifica ao menos um desses parâmetros.
- É como se houvesse uma "pronúncia" diferente. É um tipo de sotaque, só que sem som - afirma a lingüista Tanya Amara Felipe, professora da Universidade de Pernambuco (UPE) e coordenadora do Programa Nacional Interiorizando a Libras.
Dizer sem falar
Quase não existem pesquisas sobre variações regionais em Libras, mas já há base empírica para os estudiosos arriscarem configurações. A psicóloga Walkiria Duarte Raphael, uma das autoras do Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngüe da Língua de Sinais Brasileira (Edusp, 2001), diz conseguir identificar um r arrastado nos sinais dos surdos cariocas.
- Eu, lidando com os diferentes sinais, percebo que no Rio eles soletram mais arrastado, embora não exista estudo com base científica sobre o assunto. Os surdos que oralizam bem [que reproduzem com os lábios as palavras sinalizadas] acabam falando junto com o sinal. E aí também se consegue perceber o sotaque. É possível sentir claramente isso, no sinal - diz.
Embora não haja equivalência entre o verbo e os gestos de cada lugar, os sotaques dos sinais parecem acompanhar as sutilezas das falas de cada região. Para Walkiria, é possível perceber a diferença regional pela observação da mão de apoio - é comum que os surdos destros façam o movimento com a mão direita e a esquerda sirva de suporte. No Rio de Janeiro, segundo a estudiosa, a maioria dos sinais é feita com a mão de apoio fechada. Em São Paulo, a mão de apoio é aberta.
- Essa é uma diferença que notei quando estava juntando os sinais para o dicionário. Isso pode ser considerado um sotaque? Pode - diz Walkiria.
Sueli Fernandes, lingüista , assessora técnico-pedagógica do Departamento de Educação Especial da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, concorda:
- Sejam faladas ou sinalizadas, é próprio das línguas a pluralidade de manifestações. A unidade lingüística é um mito mesmo na linguagem por sinais - analisa a profissional, que também é colaboradora do Libras é Legal, projeto de difusão da língua coordenado pela seccional do Rio Grande do Sul da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis-RS).
Ambiente virtual
Os alunos surdos da escola Helen Keller (da esq. para a dir.) Lidiane Francisca de Souza, Paola Ingles Gomes, Ricardo Paulo Maranhão e Mônica Amoroso: troca de gírias com estudantes de outros estados
Coordenadora do curso a distância de Letras-Libras na Universidade Federal de Santa Catarina, único nos moldes no país, a lingüista Ronice Müller de Quadros mantém contato com 500 alunos de nove estados no ambiente virtual. Desse total, 447 são surdos. A quantidade de sinais variantes é tão grande que eles criaram um glossário para padronizar aqueles usados e criados no curso.
- Dá para identificar quem não é de Santa Catarina pela variação dos sinais, e pelas diferentes expressões faciais e corporais - conta.
Ela lembra que os falantes do Rio de Janeiro costumam usar muito o alfabeto manual na comunicação. Ou seja, no lugar do sinal, em muitas situações, o termo é soletrado. Característica que não é típica dos usuários de São Paulo, segundo Ronice.
- Os surdos do Norte do país se apóiam bastante nas expressões facial e corporal. O tamanho do sinal é maior, ocupa mais espaço. Mas essa diferença não tem implicação no significado do sinal. Manaus, por exemplo, é um dos pólos em que os estudantes apresentam mais variações. Talvez pelo fato de estarem muito distantes - analisa.
Mas nem sempre os surdos encararam com bons olhos o contato com sinais de outras regiões. No início da produção da primeira edição do dicionário, a psicóloga Walkiria Raphael - que atualmente trabalha na segunda edição do livro (ver quadro) - percebeu que diante de um termo diferente os surdos tendiam a dizer que aquele sinal estava "errado". Hoje, as variações são mais aceitas.
- A própria comunidade surda tinha uma rixa. Daí a resistência dos surdos que estavam nos ajudando, na elaboração do dicionário, de incluir sinais que não são usados em São Paulo. Tínhamos de convencê-los de que aquele sinal era representativo para determinada região. Havia bairrismo - diz.
Se no caso do sotaque os sinais envolvidos têm diferenças sutis de estado para estado, no caso dos regionalismos, ao contrário, as mudanças são totais. A linha de pensamento é a mesma da palavra "mandioca" com suas variações "macaxeira" e "aipim". A mesma palavra, "abacaxi", tem sinais muito diferentes, como os de São Paulo e os do Rio de Janeiro. Dá pra dizer então que os sinais regionais são aqueles que representam a mesma coisa só que com ponto de articulação, movimentos, direcionalidade e expressões faciais, todos diferentes.
- Quando comparamos sinais usados por jovens surdos e surdos idosos, nas associações, por exemplo, percebemos mudanças na forma e no conteúdo dos sinais, por vezes até condenados pelos mais velhos que se orgulham de utilizar "sinais puros", sem a interferência do português, tal como o fazem as gerações atuais.

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Como surgiu o DeficienteOnline.com.br?


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Fonte: DeficienteOnline.com.br
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